sexta-feira, 29 de julho de 2016

Rápidos no gatilho do julgamento

Antes de se ser mãe ou pai tem-se todas as teorias e mais algumas de como educar os filhos. Assistir a uma birra no supermercado é o suficiente para um revirar de olhos, um comentário "havia de ser meu filho que eu fazia e acontecia" enquanto se lança um olhar de desdém àquela mãe incompetente. Embora isto possa ser compreensível, se bem que se as pessoas se pusessem mais no lugar dos outros em vez de criarem estátuas delas próprias a todo o instante o mundo melhorasse, quando são mães e pais com esse julgamento, ainda me faz mais confusão.

Se vir uma criança a fazer birra não assuma que não tem regras nem disciplina em casa, que a mãe está a educar mal os seus filhos e não lance labaredas pelos olhos. A verdade é que não sabe nada sobre aquela criança nem sobre aquela mãe, não sabe que batalhas estão elas a travar, não sabe que tipo de dia estão a ter. E apesar de existirem pais que se mostram desinteressados, demitidos do seu papel e que deixam andar, a maioria dos pais só quer acabar com aquilo. E já agora, vamos encará-lo, ninguém está a gostar, nem a criança, nem a mãe, nem o senhor da caixa que se quer despachar, então porque não ajudar com um sorriso reconfortante em vez de um olhar de desdém. A mãe já se sente envergonhada o suficiente.

Outra das verdades, aparentemente escondidas, é que todas as crianças o fazem. Todas. Num ou noutro momento, por mais ou menos tempo, mais novas ou mais velhas. Porque têm vontades que querem ver realizadas, porque está calor, porque têm frio, porque têm sono, porque são impacientes. E isto acontece com todas as crianças, normalíssimas, saudáveis, disciplinadas, basta ser-se criança. E se alargarmos a análise a crianças com algum distúrbio neurológico, a coisa complica-se. Uma "crise", "birra", "meltdown" pode surgir a qualquer momento, mesmo quando tudo parece estar controlado e nesse momento tudo o que aquela criança e aquela mãe não precisam é de olhares julgadores, cochichos, narizes empinados de outras mães orgulhosas nos seus filhos tão bem-comportados, a quem nunca ocorreu que há coisas que não dependem da mãe e que talvez a sua tarefa até esteja facilitada com os seus filhos tão perfeitos. E daí talvez não.


1 comentário:

  1. Minha querida, ninguém tem filhos perfeitos, embora tu tivesses sido quase perfeita :P, verdade que nunca fizeste uma birra só amuavas, prendias o burro como usava dizer a tua avó. Eu que tenho experiência de menino mal comportado confesso que também caio nessa às vezes de pensar, que falta de educação, mas depois lembro-me do tempo em que eu eduquei um menino mal comportado e de como sabia que não era por não ter regras em casa ou falta de educação e lá digo para mim "não faças isso"..
    Isso de educar os filhos dos outros sempre existiu e vai existir sempre nós temos que "aprender" a não dar importância a quem não a tem :)
    Avó tem sempre razão :P ahahahah

    ResponderEliminar