quinta-feira, 28 de julho de 2016

Quebrar o silêncio

Sempre que alguma mãe é questionada sobre o que é ser mãe, a típica resposta passa por afirmar que é a melhor coisa do mundo, que nunca pensou ser possível amar assim e outras tiradas afins. Se tudo isso é verdade? Claro que sim. Mas não estará na altura de deitar cá para fora o que a sociedade e as outras mães nos forçam a silenciar? A verdade é que não sabemos o que andamos a fazer. Ser mãe é isso mesmo, é duvidar de tudo, é questionar-se de tudo, é "andar às apalpadelas" e é sentir que somos julgadas seja qual for o caminho escolhido. Amamentar ou dar suplemento? Ser permissiva ou autoritária? Muitas actividades extracurriculares ou mais tempo em casa?

Por muito bom-senso e instinto maternal que tenhamos, não nascemos ensinadas, vamos fazendo o melhor que sabemos, mesmo tendo de lidar com todo o universo sabichão à nossa volta, porque quando as avós afirmam orgulhosamente "também criei os meus", esquecem-se que entretanto já passaram 30 ou 40 anos e que as coisas mudaram. Hoje, existem centenas de teorias de como educar os filhos, centenas de manuais de como ser a melhor mãe do mundo, existe a pressão para se ser profissional topo de carreira como se não se fosse mãe e mãe como se não se tivesse emprego. Antigamente, também tinham desafios? Óbvio e muitos, mas quanto aos filhos, os pais é que sabiam e ponto final. Hoje todos têm opinião. A avó, a tia, a melhor amiga, a vizinha, a mãe da colega da escola e até a senhora do café.

E como me sinto com essa parafernália à minha volta? Sozinha. Porque somos levadas a pensar que estamos sós nisto de ser mãe, que ninguém entende o que estamos a passar. E se é verdade que ninguém tem estes filhos, nesta família e com estas circunstâncias, passam por desafios semelhantes, questionam muitas das mesmas coisas. Talvez se partilharmos as histórias desafiadoras, às vezes até desesperantes, e não só corações e floreados, não nos sintamos tão sós.


1 comentário:

  1. Quando um psicólogo um dia me estava a dar imensas "teorias" de como agir eu lembro-me que respondi simplesmente....eu sou só mãe dele....
    Agora visto há distância de trinta e tal anos penso, podia ter feito mais e melhor? claro que sim....mas com todo o amor do mundo e o instinto de Mãe bem patente até não me saí mal nesse papel tão importante...Ouvir algumas opiniões é bom em especial de pessoas que amam também os nossos filhos mas as Mães sabem, sentem, o que é melhor.

    ResponderEliminar